Kawena fecha portas em Moçambique após 35 anos de operação

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A empresa sul-africana Kawena Distributors, com mais de 35 anos de presença em Moçambique, anunciou o encerramento das suas atividades no país a partir de 1 de outubro , deixando dezenas de trabalhadores sem salários e sem garantias de indemnização.

A decisão, segundo a empresa, foi motivada por graves dificuldades financeiras resultantes dos prejuízos causados pelas manifestações no período pós-eleitoral. A Kawena, que tradicionalmente serve a comunidade mineira moçambicana na África do Sul, afirma ter feito todos os esforços possíveis para manter-se em funcionamento, incluindo contatos com o Governo moçambicano e o Presidente da República.

Contudo, num comunicado, a administração reconhece que não foi possível recapitalizar a empresa devido à crise de liquidez no mercado nacional e à incerteza económica que o país atravessa.

Enquanto isso, os trabalhadores em Moçambique denunciam três meses de salários em atraso e afirmam não ter recebido qualquer informação sobre as indemnizações.

“Até então só temos papel como salário, mas dinheiro fisicamente não existe”, contou um dos funcionários à DW.

Outros trabalhadores relatam intimidações por parte da direção depois de questionarem os seus direitos laborais.

“Fomos expulsos da empresa, não temos dinheiro, estamos a passar por uma situação complicada e não temos nada”, disse outro colaborador.

O Sindicato Nacional dos Empregados de Comércio, Seguro e Serviços (SINECOSSE) confirma estar a acompanhar o caso e a negociar com a Kawena mecanismos de compensação financeira.

O secretário-geral, Amós Matsinhe, afirmou que, embora a empresa também esteja a declarar falência na África do Sul, há bens em Moçambique que podem ser usados para pagar as indemnizações.

“Há espaço para indemnizações, sim, e a Kawena aqui tem património. Mesmo que a empresa na África do Sul declare falência, podem pagar com a venda do património em território moçambicano.”

A Kawena alega ainda que o Estado moçambicano deve valores referentes à devolução do IVA, o que agravou a sua situação financeira. O sindicato acredita que essa dívida pode ser suficiente para cobrir os salários em atraso.

No comunicado, a empresa reconhece o impacto social do encerramento das operações e lamenta as consequências sobre os trabalhadores e clientes, assegurando que tentou evitar este desfecho.

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Fonte: Portal de Angola

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