Racismo religioso, pelo Babalawo Ivanir dos Santos

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A intolerância tem se mostrado, em todos os cantos do Brasil, com destruição, ameaças e tentativas de imposições contra terreiros de religiões de matrizes africanas. Na última terça-feira, o templo Ile Ogun Ase Abi Awo, em Aparecida de Goiânia, foi destruído, roubado e pichado. E, mesmo diante de tantos horrores, sempre ressalto que não revidar e não seguir os maus exemplos são válidos para a nossa construção. Foi assim que o Ministério Público suspendeu a obra, que pretendem nomear de Monte Santo, no Abaeté, Bahia.

A casa de santo em Goiás foi alvo de vários crimes, uma vez que, além das depredações, levaram objetos sagrados e escreveram nas paredes “Jesus Salvador” e “Jesus Rei dos Reis”. A nítida intenção de intimidar os religiosos é uma prática corriqueira. Vemos ataques desse tipo diariamente. E o que chama atenção é o fato de muitos estados apresentarem os casos.

Sabemos sobre a importância de cessar as bem pensadas artimanhas. Contudo, é através da educação, da informação e das atitudes legais que mostramos à sociedade brasileira nossas responsabilidades, social e com os próximos. Bom exemplo foi dado com os fiéis do Abaeté, onde há projeto que intenciona a criação de um monte, supostamente santo, e que, na verdade, tem a intenção de apagar toda tradição local.

Os religiosos se manifestaram contra o projeto. Sendo assim, a promotora recomendou à Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas de Salvador a imediata suspensão da obra. E foi além: afirmou a necessidade de consulta prévia às comunidades tradicionais de terreiros. Ela também cita a necessidade de criação de um canal de comunicação entre o Poder Público Municipal, MP e representantes das comunidades tradicionais de matrizes africanas. Citou o Brasil como signatário da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial e o Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa de Salvador.
Apesar de estar muito difícil aturar tantos casos, é preciso confiar nas autoridades e seguir pela lei. Parece que nosso “barulho” é baixo e não incomoda. Aos poucos, a gente aumenta o volume sem desrespeitar o horário de silêncio.

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